domingo, 11 de julho de 2010

Quase perfeito é muito medíocre


Descobri a Tati através do Twitter e já sou fã de carteirinha rsrsrsr. Este texto em especial achei interessantíssimo. Homens... Nossa incógnita preferida.


Eu tenho esse meu grande amigo, o Leon. Quando dá a gente almoça junto e ele sempre me pergunta: "E aí mulher, você vai optar pela mediocridade?"
Depois explica aquele papo das energias: energias novas que nos impulsionam e energias covardes que nos enterram.
Ele é tudo o que uma pessoa acomodada precisa, ele é o chacoalhão.
Você vai optar pela mediocridade Tati?
Há um ano eu não sabia se largava meu emprego para tentar redação publicitária. Todo mundo dizia que era difícil, para poucos. Que é foda, que demora a vir grana, que é isso e aquilo.
Ele só me olhou, eu já esperava o que vinha, e ele fez a pergunta.
Não, eu não quero ser medíocre, não. Deus não me deu esse estômago enjoado, essa alergia encantada de vida e esse coração disparado à toa. Eu devo ser especial, eu devo ter algum talento.
Não, eu não quero ser medíocre, não eu não quero desistir, não quero optar pelo caminho mais fácil, não quero que a energia negativa me enterre. Enfim, pedi demissão.
Hoje eu ainda não tenho um salário de redatora, nem nome conhecido, nem uma campanha incrível veiculando na mídia.
Mas tenho a sensação mais maravilhosa que já tive em toda a minha vida: o prazer de acordar para fazer o que gosto.
Eu tenho uma mesa, um lixo, um computador e uma cadeira. Objetos que ocupam um espaço que conquistei, que eu convenci alguém, pelo meu talento, a me dar.
Sim, eu sou uma redatora, para mim pelo menos.
Eu tinha esse meu namorado, há mais de um ano. Bonito, inteligente, engraçado, publicitário.
Ele gostava de dançar, de ir ao cinema, de músicas que se tornaram as minhas prediletas.
Ele gostava de viajar, de sair com nossos amigos, de colocar jazz para a gente dormir.
Ele gostava de ler, de escrever e de interpretar a vida de um jeito que se tornou, aos poucos, o meu também.
Ele tinha uma mãe maravilhosa e me chamava de criança, mas me tratava como mulher.
Não é à toa que foi o homem que mais tempo ficou na minha vida. Ele era perfeito, quer dizer, quase.
Faltava, ai, como vou dizer. Aquele olhar, aquele que o homem lança para você, não só quando você diz alguma coisa inteligente e está bem vestida, mas quando acabou de acordar toda descabelada.
Faltava, putz, será que vocês vão me entender? Aquela pegada de quem te conhece, mas perece acabar de te conhecer. De quem sabe ser permitido, mas quer fugir da polícia e se esconder dentro de você.
Faltava aquele ritmo que aquieta um coração jovem e cheio de curiosidades.
Faltava um romance entre a gente, falsamente preenchido por filmes e músicas românticas.
Faltava um cansaço de prazer que me desse preguiça de olhar para outros homens.
Sobrava pensamentos, espaços e angústias de traição.
Mas como terminar algo tão bacana, tão legal, tão,Š puxa, tão, sei lá. Tão o quê?
Foi aí que lembrei do meu velho grande amigo, sem tempo para almoçar comigo há um tempo. Além do papo da mediocridade, ele sempre me dizia também: vá viver um grande amor.
Você me ama, João?
Ele nunca respondeu essa pergunta, e nunca mais vai ter a chance de responder.
Terminei. E estou aqui, esperando um grande amor.
Eu não sei se ele existe, da mesma forma que eu não sei se um dia serei uma grande redatora.
Só sei que estou preparada para quebrar a minha cara, porque eu posso ser louca, boba e infantil, mas eu não sou medíocre.


Por Tati Bernardi

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